quarta-feira, 5 de julho de 2017

Suicídio

Vou tratar da minha polêmica interna.
É um desejo que me toma de súbito, não importa o quão feliz ou triste eu esteja.
Desde não sei bem quando, mas lembro-me da primeira vez tentada a ser tomada pelos braços da morte, sem razão, apenas impulso frio, estudei o caso por algum tempo, ninguém mais tomava aqueles comprimidos e eles pareciam servir como uma luva, talvez se a dose tivesse sido maior, tivesse funcionado, mas com 14 anos poucas pessoas tem o raciocínio no lugar de qualquer jeito, fazem seis anos que tive a noite mais drogada da minha vida, meio desesperadora, mas suportável. Foi meio insuportável ter que lidar com os efeitos colaterais depois, e com o fato de ter acordado naquela tarde do dia seguinte.
Depois disso decidi controlar melhor meus impulsos e me soou mais tentadora essa hipótese quando as coisas pareciam não fazer mais sentido para manter continuidade, a vida é meio complicada para mim, mais ou menos que para as outras pessoas, mas isso eu não ousaria dizer.
Houveram mais tentativas... Apenas duas, tão lamentáveis quanto a primeira... Uma delas realmente me entristeceu por falhar... Mas acordei e estou ainda acordada, então, acho que devo lidar com isso mais um tempo.
A questão que quero tratar aqui não são os causos, muito menos as histórias tristes, é apenas o fato, meu anseio por tirar minha vida que começou nem sei quando e sempre me assombra, vez ou outra parece até uma voz sussurrante no meu ouvido, que me pede para fazer logo e acabar com toda essa coisa.
Eu gostaria de chegar a uma conclusão aqui, afinal, é algo que afetaria a vida de várias pessoas, e meu lado doce não anseia por interferir de maneira negativa em nada...
Eu sinto na morte, a libertação de toda responsabilidade de escolhas que podem, não só ME afetar, mas afetar o curso de muitas coisas...
Eu sinto na morte, todas possibilidades do mundo e nenhuma. O simples fato de tudo se apagar e nunca mais NADA doer ou arranhar, parece loucura e a loucura SEMPRE me abraçou tão carinhosamente.
Eu sinto na morte todo amor e toda curiosidade, mas também não sinto nada.
Gostaria de viver, pois é o único modo de saber que ainda há possibilidades, essas que vêm de escolhas e eu entro em contradição aí...
Eu vejo na morte a libertação dessa minha mente confusa, confusa até o limite, ela parece estar sempre tentando se superar na capacidade de auto pregar peças, é ótima nisso.
Poucas vezes pude dizer sentir qualquer coisa com plenitude.
Mas quando estou numa situação que me preenche por completo, eu me esqueço da morte ou eu me sinto tentada por ela ao extremo, parece até que rolam os dados para decidir qual vai ser...
Eu queria entender o motivo disso... Talvez esse seja um dos motivos pelos quais sinto na morte tantas dúvidas.
Eu sinto na vida, não tanto e até demais.
A sensação de alívio quando o desejo por esse fim me abandona, é indescritível, e o tormento que seus retornos me causam também. Por vezes esse alívio dura tempo suficiente para eu achar que a tormenta vai embora, por enquanto ainda não foi.
Não sei se ainda quero decorrer a respeito, eu não estou confortavelmente sentada e concentrada para trazer a tona algo realmente pensado com calma...
Estou apenas sendo todas minhas ideias e as escrevendo.
Eu sou a loucura do Jack.
Eu sou o suicídio da Alessandra.
Eu sou todos os motivos pelos quais estou viva e estarei morta.
Eu sou todo o infortúnio da minha vida e também a única dádiva que tenho de fato.
Eu sou a incerteza e a incapacidade de continuar a escrever isso....
Eu não sei de nada com certeza, por mais que tenha certeza disso!

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